Deep No Mercosul


(Por Verch)


"Texto Kim Miranda"


O Surf pra mim não é apenas um esporte, mas sim um grande romance. Homens e mulheres que descobrem e se apaixonam por essa fantástica cultura acabam transformando suas vidas em uma eterna lua de mel com o mar. 


Para conhecer um surfista de alma apaixonado pode-se usar o seguinte teste: 


mostre a ele um mapa ou um globo terrestre e observe o incomparável brilho nos seus olhos, logo surgem as lembranças de surf trips passadas e em seguida a imaginação toma conta com inúmeras possibilidades de Surfaris ainda não realizados. A busca pelas ondas é a pura essência da cultura Surf. O Uruguai é um velho conhecido do Surf gaúcho, suas ondas com pouca ou nenhuma crowd são freqüentadas faz tempo por nós gaudérios. Forte de Santa Teresa, Punta Del Diablo, La Paloma e Punta Del Este oferecem boas ondas, geralmente no inverno com os swells de sul encostando com mais freqüência, surfar e tomar mate no pampa vizinho é demais, em algumas regiões parece a campanha do RS com mar, incrível. 


Ouvi falar do Surf na Argentina nos meus primeiros anos como surfista, quando o lendário Jairo Lumertz junto com seus amigos Rafael Boca e Márcio Lipsul organizaram uma expedição de carro para o Uruguai, Argentina e Chile e eu e meus amigos assistíamos sempre o vídeo da trip passando a conhecer as olas de Mar Del Plata. Mais tarde ouvia falar do Wqs da Reef e do circuito ALAS que aconteciam por lá. 


Eu e meus amigos de longa data Ipojucã Jurica Chaves, Duda Arnhold, Saymonn Brusch e Douglas Cardoso, todos companheiros de Surf na nossa querida praia de Albatroz, organizamos uma Surf expedição de carro para o Uruguai e Argentina batizada de “Surf Expedição Deep no Mercosul”. Que tinha o objetivo de surfar o máximo de picos nos dois países, enfrentando horas e horas de estradas e encarando o frio do começo do inverno Hermano. 


Saímos de Porto Alegre com o carro lotado, cinco pranchas no rack, muitas roupas de borracha e aquela emoção característica de uma Surf Road trip, não demorou muito para chegarmos na fronteira com o Uruguai e rumar direto para La Paloma, onde pegamos as primeiras ondas da trip na playa de Los Botes, a água gelada não intimida gaúcho guasca acostumado com o minuano. 


De La Paloma a road trip virou uma odisséia de estradas, passamos por Punta Del Este, Montevideo, Colônia do Sacramento e Frey Bentos até finalmente encontrarmos a Puente Internacional que liga Uruguai e Argentina. Depois mais longas horas de viagem até a gigante Buenos Aires que tivemos o prazer de conhecer quando saímos de uma autopista e caímos bem no centro da capital.


Após descobrirmos o caminho certo rumamos para Mar Del Plata e horas mais tarde chegamos a nosso destino. 


Dizem que os Argentinos são marrentos e não gostam de brasileiros, mas aqueles que conhecemos nos trataram muito bem, talvez porque quase todos contaram que freqüentam a “Playa de Rosa” e Ibiraquera. Mar Del Plata é uma grande cidade, com vários picos de Surf, carros antigos circulam ao lado de carros novos e dão um toque “soul” ao lugar. Surfamos boas ondas na praia de El cabo, que fica localizada bem perto do centro e Chapadmallal que fica mais ao sul, indo em direção a Miramar. A água do mar estava muito gelada, mas não aliviamos o garrão, com longs 4/3mm, botinhas e às vezes até touca de borracha encarávamos o surf todos os dias. 


Na volta para casa economizamos algumas horas de viagem, vindo pelo interior do Uruguai até Punta Del Diablo e no último dia de trip pegamos altas ondas na Playa de La Moza e Cerro Chato, ambas no Forte de Santa Teresa. Concluímos com sucesso a Surf Expedição, surfando e de bônus adquirindo cultura. Termino esse texto com as palavras do navegar brasileiro Amyr Klink: "Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.


Vídeo da Trip, acessa lá e confere:
http://www.youtube.com/watch?v=Uf6J8gPJTfA&feature=youtu.be



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